Episódio 1: Cabo Bruno
- podcrimessa
- 24 de dez. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de jan. de 2022
Justiceiro, assassino de aluguel ou serial killer? Você vai conhecer a vida de Cabo Bruno.

Florisvaldo de Oliveira, mais conhecido como Cabo Bruno, nasceu em Uchoa, 18 de novembro de 1958. Uma cidade pequena, no interior de São Paulo, com aproximadamente 10 mil pessoas (perto de São José do Rio Preto). Teve uma infância tranquila, como qualquer outro menino.
Quando um pouco mais velho, se mudou com a família para a cidade de Catanduva, provavelmente os pais procuravam emprego. Logo cedo, ficou conhecido como Bruno, esse apelido veio, porque seus amigos associaram-o a um alcóolatra da região em tom de provocação, devido às semelhanças na aparência. O apelido pegou tanto, que até a sua mãe o chamava desse jeito.
Entrada na Polícia Militar
Bruno ingressou em 1978 na polícia militar durante a ditadura militar, com 20 anos de idade. Foi instruído por uma escola, que na época, possuía padrões de segurança rígidos e muitas vezes cruéis. Por exemplo, foi ensinado que tatuagem era sinônimo de bandidagem. Teve um bom comportamento como soldado de primeira classe (o que possui menos poder na hierarquia), porém, quando promovido a cabo, começou a ter um comportamento muito ruim.
O comportamento dele não era ruim, quando estava trabalhando. Na presença de seus superiores, ele até se mostrava ser um rapaz muito trabalhador, e comprometido em fazer o correto. O problema era em suas folgas, ele se apresentava como policial em operação (considerado crime, quando você está de folga, sujeito a penalidades) e se achava dono de verdade. Segundo o próprio, ele acreditava que era capaz de julgar as pessoas, “chegou um momento em que eu se sentia na liberdade de olhar para uma pessoa e decidir se iria ou não tirar a sua vida”
“Chegou um momento em que eu se sentia na liberdade de olhar para uma pessoa e decidir se iria ou não tirar a sua vida”
O seu primeiro crime, foi com um rapaz que possuía uma pequena tatuagem de cruz no braço. Não se tem informações de como foi ao certo, mas segundo testemunhas, o rapaz estava andando na rua de noite e o opala parou do seu lado. Do Opala saiu um rapaz de pequena estatura e muita barba, e fuzilou o rapaz com 5 tiros pelo corpo. Após entrevistar a família da vítima, o rapaz era apenas um um devoto de Nossa Senhora Aparecida e não tinha nenhum envolvimento com crime. Depois disso, matou mais 3 pessoas, as quais realmente eram bandidos.
A fama de justiceiro e o apoio popular
Apesar dos equívocos em algumas vezes, ele procurava matar ladrões e assassinos que atormentavam a região onde morava, no bairro de Pedreira (região do Jabaquara, zona sul de São Paulo). Isso fez com que ele ganhasse rapidamente a fama de justiceiro pelo povo da região. Aproveitando isso, comerciantes começaram a contratá-lo para matar bandidos que assaltavam suas lojas com frequência. Com grande demanda ele chegou a contratar vários ex-policiais para trabalhar com ele, e a partir daí se criou um tipo de milícia. Cabo Bruno conseguiu conciliar isso com o seu trabalho como policial, durante 5 anos sem ser pego.
Devido ao treinamento, que aprendeu na escola de policiais militares, ele sabia se esconder e andar disfarçado muito facilmente. Seu grupo andava sempre com três tipos de carros: um Chevette, um Maverick e um Opala —, cujas cores eram sempre mudadas. Outra característica do grupo era andar de vestimenta preta, inspirados no ator de cinema Charles Bronson, famoso pela série de filmes Desejo de Matar.

A prisão e as fugas
Cabo Bruno se entregou à PM e aos 25 anos foi condenado e julgado por 50 assassinatos a 113 anos de prisão. Porém, fugiu três vezes da cadeia e ficou preso mesmo apenas na prisão de segurança máxima de Tremembé. Em julho de 2008, já pastor na capela ecumênica da penitenciária, casou-se lá com uma dona de casa que fazia trabalho voluntário. No seu trabalho como pastor, tem Lindemberg Alves como um de seus seguidores.
Em 2009, após cumprir um sexto de sua pena, solicitou a conversão para o regime semiaberto. O Ministério Público Estadual pediu uma avaliação psicossocial criminológica, feita em duas etapas e com pareceres favoráveis à progressão de pena, que foi concedida em 19 de agosto.
Apesar do regime semiaberto, ainda naquele ano foi-lhe negado o benefício de saídas temporárias, o que ele só poderia ter a partir de 2017, por causa do seu histórico de fugas. Contudo, em 22 de agosto de 2012, a Justiça de Taubaté concedeu-lhe a liberdade após 27 anos de prisão. Além do parecer do promotor, que se baseou em lei que prevê a liberdade definitiva para presos com bom comportamento e com cumprimento de prisão superior a vinte anos, documentos com elogios de funcionários e da própria direção da P2 quanto à sua conduta na unidade reforçaram a decisão. Plastificou o alvará de soltura original e passou a carregar sempre uma cópia consigo, junto com uma lista de dez sonhos que gostaria de realizar antes de morrer. "Nas minhas fugas, eles [a polícia] sempre me paravam", reclama, em tom de brincadeira. "Agora que tenho o alvará, ninguém me para mais."

Morte: assassinato
Pouco mais de um mês após deixar a prisão, Cabo Bruno foi morto com dezoito ou vinte tiros no bairro Quadra Coberta, em Pindamonhangaba, por volta das 23h30 de 26 de setembro de 2012. Ele retornava de um culto religioso no município de Aparecida acompanhado por parentes, que nada sofreram, e os disparos foram dados por dois homens. Segundo informações preliminares da Polícia Militar, dois homens chegaram a pé e atiraram somente contra ele, não tendo sido anunciado assalto, e que havia um carro próximo do local, possivelmente utilizado pelos atiradores na fuga. Sem pistas sobre a autoria, teria sido provavelmente um crime de execução, a ser investigado pela Polícia Civil. Morto na mesma hora, não foi levado ao hospital, e os peritos recolheram cápsulas de uma pistola ponto 40 e de outra arma calibre 380.

Já conhecia esse caso? Nos conte o que achou nos comentários! Até o próximo episódio.
Comments